Brasileiros consomem em média 128 gramas por ano, bem menos do que nos Estados Unidos, onde a média é de 1,5 quilo por pessoa ao ano
O Sebrae e a Confederação Nacional de Apicultura (CBA) lançarão em maio uma campanha para incentivar o consumo de mel no país. Meu Dia Pede Mel será divulgada em rádios, canais de TV e em feiras locais, por meio de carros de som, além da distribuição de folders explicativos.
A ação é resultado de convênio de cooperação técnica firmado entre as duas instituições em 2009. O objetivo é incentivar o brasileiro a ver o mel como alimento natural e fonte pura de energia. O lançamento será realizado no 18º Congresso Brasileiro de Apicultura e 4º Congresso de Meliponicultura, a ser realizado entre os dias 19 e 22 de maio, em Cuiabá (MT).
O presidente da CBA e da Câmara Setorial de Apicultura, José Cunha, afirma que a meta, no primeiro ano de campanha, é ampliar o consumo do mel em 10% e, no segundo ano, em 15%. Os brasileiros consomem 128 gramas de mel por ano, bem menos do que nos Estados Unidos, onde a média é de 1,5 quilo por pessoa ao ano.
O Brasil produz 50 mil toneladas, destinadas ao mercado interno e externo. Além de divulgar o mel para ampliar o consumo, também está sendo trabalhada a questão da capacitação dos apicultores.
— Eles precisam estar preparados para atender ao aumento da demanda, com quantidade e qualidade. Temos capacidade para produzir 200 mil toneladas por ano — afirma Cunha.
De acordo com o coordenador nacional da Carteira de Apicultura no Sebrae, Reginaldo Rezende, essa é a primeira vez que se faz uma campanha de divulgação voltada para o setor. O público alvo é formado por crianças, jovens e terceira idade.
— O trabalho será em nível nacional, mas deverá ser operacionalizada localmente, de acordo com a capacidade de produção de mel de cada região — ressalta.
O Sebrae trabalha com cerca de 60 projetos em todo o país, envolvendo 13 mil apicultores, responsáveis por produzir oito mil toneladas de mel por ano.
— Precisamos mudar a idéia de que o mel só serve para fazer remédio. O alimento pode ser amplamente explorado na culinária, como no tempero de carnes, preparo de molhos doces e salgados e coberturas. Em um segundo momento, vamos trabalhar o mel com o setor industrial. No Brasil existem 63 mil padarias. Queremos incentivá-las a utilizarem o mel na produção de pães e biscoitos. Existem também as indústrias de balas e laticínios — explica Reginaldo.
A campanha também contará com um site com áreas voltadas para o perfil de cada público. Segundo Reginaldo, há espaço para crianças desenharem, assim como ambientes para a busca e troca de receitas com o uso do mel. A campanha contará com o reforço de artistas e esportistas que participarão da divulgação. Seus cachês serão pagos em mel, que serão doados a instituições de caridade.
O apicultor e presidente da Associação Paulista de Apicultores Criadores de Abelhas Melíferas Européias (APACAME), Constantino Zara Filho, está animado com o lançamento da campanha. Ele afirma que só está sendo possível fazer esse trabalho de divulgação porque existe um levantamento econômico do setor feito pelo Sebrae. Além disso, a partir de 2005, houve um movimento da instituição e da Fundação Banco Brasil no sentido de reestruturar a CBA.
— Hoje podemos dizer que o setor está 80% organizado. Temos trabalhado com dois focos: melhoramento do manejo e a produtividade por colméia — defende Zara Filho.
Para ele, o Brasil precisa fortalecer o mercado interno para evitar que os apicultores fiquem a mercê do mercado externo, que paga muito mal pelo produto brasileiro. Segundo ele, a China, que produz 200 mil toneladas de mel por ano, coloca sua produção no mercado a preço irrisório. O atual valor de venda do mel brasileiro para outros países é de US$ 2,70, o quilo. Porém, para ele, o preço justo seria US$ 5 o quilo. No Brasil, o mel é comercializado a R$ 4,50 o quilo, preço também considerado abaixo da expectativa.
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