As negociações para encerrar o impasse em torno do algodão com os Estados Unidos e a ameaça de retaliação aos produtos norte-americanos ainda deve ser alvo de uma “negociação difícil”. A análise é do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que conversou na noite desta quinta, dia 8, com o representante do governo dos Estados Unidos, Ron Kirk.
Segundo Amorim, é positiva a disposição dos Estados Unidos de negociar de forma efetiva. Mas, segundo assessores, o chanceler considera necessário encontrar uma situação que atenda plenamente os interesses do Brasil.
– Há uma negociação difícil pela frente com prazos estreitos a serem cumpridos. O Brasil está aberto a negociar, mas espera que as medidas a serem tomadas pelo governo norte-americano levem a resultados concretos, inclusive no que diz respeito à política de crédito às exportações dos Estados Unidos – disse Amorim, de acordo com sua assessoria.
Amorim lembrou ainda que a solução para o caso deve também atender às necessidades dos países africanos. Segundo ele, por isso é importante o cumprimento do item do acordo negociado sobre os créditos. O ministro se referiu à criação de um fundo de US$ 147,3 milhões por ano para financiar projetos do setor de algodão.
No começo da semana, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, disse que o governo dos Estados Unidos percebeu a necessidade de buscar "um ponto de convergência".
– Os Estados Unidos se convenceram que era preciso negociar e buscar um ponto de convergência. Sempre dissemos que queríamos negociar, evitamos o encrudescimento e provocações. Todo o tempo nós fomos muito cautelosos e cuidadosos. Deu certo – afirmou Miguel Jorge.
No último dia 5, o governo brasileiro anunciou a prorrogação do prazo para a aplicação da medida para o dia 22 de abril de 2010. A expectativa é que o governo norte-americano cumpra com a promessa de criar o fundo para o setor. Com isso, seria encerrado o imbróglio e a ameaça de retaliação por parte do governo brasileiro.
No entanto as propostas anunciadas nessa quarta, dia 7, são consideradas provisórias. A expectativa é que sirvam de base para uma medida final na disputa aberta pelo Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC). Por ordem da organização, o Brasil pode retaliar os Estados Unidos em US$ 591 milhões em exportações de produtos americanos e US$ 238 milhões na área de propriedade intelectual.
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