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terça-feira, março 1

Raíz dos Técnicos Agrícolas

Gustavo José Barbosa

O Brasil ao longo dos séculos foi se tornando um dos grandes produtores do ramo agropecuário no cenário internacional desde onde desde o ciclo da cana-de-açucar, do café e mais recentemente da soja, pecuária de corte e tantos outros ramos. O sucesso dos produtores rurais alcançado nos últimos cem anos é resultado da atuação de profissionais da área que se dedicaram ao estudo e aperfeiçoamento de tecnologias que dinamize o setor.

Dentre os inúmeros profissionais do setor agropecuário o produtor rural diariamente convive com o Técnico Agrícola, em suas diversas modalidade, no atendimento feito pelas EMATER´s, nas cooperativas, órgãos de pesquisa, revendas agropecuárias, e nos diversas vertentes do campo brasileiro.

Conhecer a história desta grandiosa profissão que foi crescendo gradativamente no mercado de trabalho é vital para todos aqueles que compõem esta categoria para que em posse dessa herança passem a valorizar ainda mais seu ofício. Mas, tornar público as lutas e conquistas empreendidas pelos Técnicos Agrícolas é importante também para toda a sociedade que pode se inspirar na garra destes profissionais para lutar pelos seus direitos e construir uma sociedade mais justa.

Tudo começa no ano de 1910 na Província de Viamão-RS onde alguns jovens positivistas planejam a fundação de um centro de ensino que atuasse de forma diferenciada daquela praticada até então no país sob o julgo monarquista e sob a tutela da Igreja.
Para compreender o desenvolvimento deste feito é importante voltar a conjuntura política do Brasil no início do século XIX que havia destituído o Imperador D. Pedro II e instaurado a República sob o comando de jovens militares como Benjamim Constant.
Os militares que capitanearam essa transformação política no país eram inspirados como dissemos na teoria positivista do sociólogo francês Augusto Comte (1879-1857) que defendia o estabelecimento de uma nova ordem social que tinha uma “inabalável confiança nas ciências”. (Figueira, 2000, pg. 287).

Segundo Soares (1997, pg. 13) a formatação do modelo educação positivista era “a instrução do povo para o domínio dos problemas de uma unidade geopolítica excepcional pelo clima e pelos recursos naturais, nesse momento quase inexplorados”. Nesse contexto, brasileiros de diferentes classes sociais e de todas as faixas etárias era tidas como prioritárias na educação, e focado em duas vertentes pedagógicas: tecnológico e rural.

No vertente tecnológica temos a ênfase a exploração de recursos naturais e no rural a dinamização da produção agropecuária com foco também no comércio global, sendo este o motivo da criação do ensino profissionalizante em diversos níveis.
A Escola Técnica de Agricultura João Simplício Alves de Carvalho, na Província de Viamão-RS, é a primeira do gênero no Brasil e na América Latina a formar Técnicos Agrícolas, na época denominados Capatazes Agrícolas ou Rurais.

Segundo Soares (1997, pg. 35) “o Curso de Capatazes Rurais granjeou, de pronto, simpatia e prestígio, atraindo até elementos das principais famílias gaúchas, que ao longo do tempo, se têm feito representar em seu alunado”. Mas, não somente os jovens da aristocracia da época freqüentavam a história Escola Técnica de Agricultura de Viamão – ETA, também filhos de pequenos agricultores como o caso de Leonel de Moura Brizola que no futuro seria uma das maiores lideranças políticas do Brasil.

Os alunos da ETA cursavam nos três anos do curso uma série de disciplinas que os tornavam aptos a atuar no campo: Português, Geografia do Brasil e especialmente do Rio Grande do Sul, Aritmética, Desenho a mão livre e de cópia, História do Brasil, Francês prático, Francês, Geometria, Elementos de Física e Química Agrícola, Elementos de Mineralogia e Geologia Agrícola, Elementos de Botânica Agrícola, Elementos de Zoologia Agrícola, Entomologia, Desenho Geométrico e de Aquarela, Elementos de Agricultura e Culturas Especiais, Elementos de Zootecnia, Avicultura, Fisiologia e Anatomia dos Animais, Engenharia Rural e Topografia, Drenagem e Irrigação, economia Rural: elementos de contabilidade e Laticínios.

Os sete Técnicos Agrícolas pioneiros conseguiram concluir o curso em maio de 1914 e receberam seus títulos em agosto de 1914 após terem apresentado trabalhos de conclusão de curso enfatizando o setor agrícola ao que indica de suas cidades de origem, foram eles: Elias Corrêa, João Sterzi, Rosendo Lara Fagundes, Epaminondas Grecca, Juracy Dias, Edmundo Teixeira Schuller e Urbano Benigno dos Santos.
Segundo D´Oliveira (1999, pg. 18) “todos os cursos eram subordinados e fiscalizados pela Superintendência do Ensino Agrícola e Veterinário do Ministério da Agricultura, com exceção das de âmbito estadual”.

Assim, em diversos Estados da Federação foram surgindo Escolas Agrícolas que seguiam o exemplo da ETA sempre com o apoio do Estado Republicano que engatinhava em seu novo regime. No Estado da Paraíba, por exemplo, a primeira Escola surgiu com apoio do Presidente da República Getúlio Vargas em 1936 que foi denominada Escola de Agronomia do Nordeste, em Areia-PB.
Torres (1998, pg. 3) que foi graduado Técnico Agrícola na Escola de Agronomia do Nordeste em 1948 relata que os Curso de Nível Médio existiram de “1936 a 1949 que prolongou primeiro com dois anos de duração e depois ampliado para três anos. Extinto pela Lei Orgânica do Ensino Agrícola e Veterinário e substituído pelo Curso Agrotécnico e mais tarde Colégial Agrícola”.

A formação dos jovens nas primeiras cinco décadas de existência eram por etapas como ocorria no Colégio Agrícola Vidal de Negreiros, em Bananeiras-PB que compreendiam:
Curso de Iniciação, com duração de dois anos, conferindo o diploma de Operário Agrícola. Em seqüência já como Colégio Agrícola o aluno fazia o Curso de Mestria Agrícola, também com duração de dois anos, dando o direito de receber o diploma de Mestre Agrícola. No segundo ciclo de estudo o aluno cursava o Técnico Agrícola num período de três anos, dando o direito de receber o diploma de Técnico Agrícola em Zootecnia. (SILVA 2004, pg. 64).

Referências
D´OLIVEIRA, Rivaldo. Jundiaí no seu cinquentenário. Natal: Edufrn, 1999. 101 p.

FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. São Paulo: Ática, 2000. 432 p.


SILVA, Manoel Luiz. Reminiscências: De Patronato a Colégio Agrícola 80 Anos de história. João Pessoa: Editora Universitária, 2004. 206 p.

SOARES, Mozart Pereira. ETA Escola Técnica de Agricultura João Simplício Alves de Carvalho.Porto Alegre: Age, 1997. 218 p.

TORRES, Francisco Tancredo. Escola de Agronomia do Nordeste: Técnicos Agrícolas 1948. Areia: Datilografado, 1998. 37 p.

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